Numa conversa animada com amigos, indaguei a um casal presente sobre seus planos para o dia dos namorados... como EU, logo EU dava atenção a algo tão pequeno... passado o choque generalizado, ouvi em tom de descaso a resposta: “Estamos juntos a anos, não precisamos mais destas coisas, não ligamos mais para essas bobagens”, seguiram-se alguns gritos eufóricos contra os absurdos daquela “invenção capitalista” antes da conversa tomar outro rumo, avançar noite adentro e chegar ao fim... minha animação se perdeu na pequenez e no descaso daquela bobagem eufórica.
Por que EU, logo EU...?! Porque eu sou boba e, acredito em bobagens do tipo “São os pequenos detalhes que fazem a diferença”; “A Felicidade está nas pequenas coisas”; “O Amor mora nos detalhes”; “Nos gestos singelos encontramos a beleza da Vida”... Lamento a perda da animação.
Não a minha... perdi o animo, achei a Lua (absurdamente linda e gritando euforica: “Apaixonem-se!”) e ganhei o céu... na despedida, usei o descaso e abusei de desculpas esfarrapadas, ignorei o bom senso, dispensei a carona e voltei caminhando... Que presente o Universo reservou aos amantes!!!
Andar pelas ruas de madrugada é arriscado? Principalmente, estando você sozinha? Concordo, mas eu ainda preciso ficar a sós com o meu Amor, eu ainda ligo para essas bobagens... Desfrutar momentos onde a expressão “invenção capitalista” é desprovida de significado porque nada que é mundano encontra espaço para existir. Chegar em casa com a cabeça nas nuvens e esquecer de colocar o relógio para despertar. Ser acordada na manhã seguinte pelo toque insistente do telefone. Após o desconforto do flagrante delito (com aquela voz, a única saída era confessar) e o breve desespero ante a sentença (remarcar e encaixar todos os compromissos agendados vai dar um trabalho danado... aquele dia será infernal!)... constatar feliz da vida: foi bobagem, arriscado e me deu trabalho... QUE LOUCURA, eu fiz! Se eu pudesse voltar atrás... eu faria de novo!
Relacionamentos sobrevivem de fogo extinto.
Paixão é bom e fácil. Sobra chama, exige pouca atenção, sobrevive de manipulação (brigamos hoje, amanhã fazemos as pazes)... é perigoso, mas totalmente controlável... brincadeira de gente grande... consome; as vezes, fere; e cedo ou tarde se extingue.
Amor é bobo e arriscado. É fogo, puro fogo. Exige atenção, presença e entrega... está totalmente fora do nosso controle... chega sem aviso, acontece por si mesmo e sobrevive com regras próprias... tentamos, mas é impossível manipular... qualquer fator, a mais ou a menos, ele se transforma e as regras mudam... é trabalhoso e divinamente ameaçador... admirados com sua beleza, hipnotizados com suas surpresas e impotentes frente a sua grandeza, voltamos a ser criança... nada tem significado e tudo perde sentido frente aquela oportunidade de brincar... de fato, é uma loucura!
Se é para fazer loucura melhor que seja por Amor... se não for por amor, faremos loucura pelo quê? Dinheiro? Status? Poder?... os capitalistas podem ter se apropriado (e, honestamente, qual o problema em aumentar o fluxo das vendas?), mas essa invenção não é capitalista... esse absurdo, não é obra e não confere com o registro de caixa deles... neste dia, flores e bombons são lembranças memoráveis; mas, os presentes de verdade e inestimável... são os corações abertos, as estrelas, a Lua e o Céu... eles não tem preço no mercado!
Dia dos Namorados... EnAMORados... é um dia marcado no calendário para encontrar e ficar a sós com o Amor e desfrutar sozinho, a dois ou em grupo momentos sem significado e sentido no mundo... lembrar aos amantes: “Apaixonem-se novamente” e aos apaixonados: “Compartilhem o Amor!”... é uma “invenção”, imprópria para maiores e ridicula para quem deseja estar junto... pois, a graça está no não existir você, e sim a brincadeira... é coisa de criança!!!
Como disse o poeta: “O Amor é ridículo, se não for ridículo não é Amor”!!!
Restam dois dias, não fiquem de fora... tem tempo suficiente para elaborar e executar vários planos!!!
Fair Play, a todos!
Brincadeiras BeHap!
Beijos... Aline, Bruna e Caty.